Jux Adventures
terça-feira, 13 de maio de 2008
Jux Adventures presents: Jux in Europe - part 5 - Alemanha!
Dia 13.10.07 - Böbingen - Casa da Tati, do Zé e do Patrick
Continuando a saga de Stuttgart, após voltarmos da bombante night da velhota fã de Rammstein, da cinquentona professora de step, do DJ Mario Bros e do tiozão sarado comprador de Vodka Sour, dormimos, muito! Isso foi uma sexta-feira. O sábado seria dedicado à Volksfest!
Segundo os locais, a Volksfest é a maior festa da cerveja do mundo, depois da Oktoberfest de Munique. Pensei logo, segunda maior? caído... Mal sabia eu que ao final eu me arrependeria de tal pensamento... Pior, ficaria com medo da Oktoberfest de Munique...
Mas o golpe de mestra do dia foi da Tati. Após ter estabelecido contato com o tiozão do Whisky sour, conseguimos uma carona com ele, no dia seguinte, para a Volksfest! Ele viria nos buscar em casa e iríamos juntos para a feira. Ligação vai, ligação vem, ele fala que não quer mais ir de carro, que iremos de trem, mas que ele vai nos buscar na casa da Tati e vamos motorizados até a estação. Tá, né... Dava pra ir andando... Quando vi o carro, entendi. O cara tinha um Porsche, daqueles pretos sinistros esportivos que fazem de 0 a 100 em milissegundos e sei lá mais oq... Típico tiozão sarado na crise da meia idade! Ri muito! Internamente, claro... Porque cada hora em que ele dava uma acelerada brusca nas ruas que nao tem nem 100 metros de comprimento, dava era pena por ele estar querendo taaaanto se mostrar... Mas bem, isso era problema da Tati, ele estavadando em cima dela... ehhe
Estávamos as duas espremidas no "banco de trás" do Porsche, e o tiozão e um amigo nos bancos da frente... O amigo, gente, o que era o amigo... Alemãozão velho careca e barrigudo! Fiquei pensando: "Até que o tiozão sarado não é a pior escolha..."
Enfim chegamos ao trem. Lá dentro, tiozão tira do bolso duas garrafas de cerveja! Minha paranóia já pensa: ou tá querendo nos embebedar ou tá batizado! Deixei que eles bebessem primeiro, claro... E fiquei então com a primeira opção, não deveria estar batizado. :P
Chegamos à Volksfest, coisa típica européia: feira com parque de diversões.
Haviam tendinhas, com capacidade só para umas 500 pessoas, e outras maiores, como essa acima. Cabiam mais de mil pessoas, com shows rolando e, é claro, muita cerveja.
Ficamos andando pelo parque, conhecendo a feira, comemos um bolinho que vinha com um creminho bonzão (o creme, não o bolo, que nao tinha gosto de nada).
Os tiozões conseguiram uma entrada para uma tenda de cerveja, nessa hora rolou um leve stress... Ao chegarmos à feira, encontramos por acidente o marido da Tati, o que acabaria com a mamata dos tiozões nos bancando. Aí a Tati falou pra ele: nós ficamos andando com você. Mas eles estão bancando, entao vc vai ter que bancar. Aí ele preferiu que a gente andasse com os tios... :P Só que acabou juntando todo mundo. Masss, na hora da tenda, os tios aparentemente subornaram os seguranças, ou sei lá o que, e os caras não queriam deixar mais ninguém entrar, só nós duas! Aí o Zé, o marido, ficou meio bolado, mas fomos assim mesmo. Como o marido não era meu, calada fiquei e aproveitei a festa...
Entramos e já fomos brindadas com visões bizarras de coisas engraçadas, galeto e cerveja!
Roupinhas de bávaros, tias com saiote, pessoas em cima das cadeiras, uma banda tocando clássicos dos anos 80... Bizarramente, a banda tocou uma sequencia de músicas que o DJ Mario Bros havia tocado na noite anterior! A mesma sequencia na mesma ordem, mesmo tudo! Foi impressionante.
Esses aí são nossos patrocinadores. O que tem cabelo é o tiozão sarado do Porsche e o outro parece ser o amigo loser que pega carona no sucesso dele... No meio, a Tati.
Não se deixem enganar, eu nem gosto de cerveja.

Essa é a tenda em que entramos. Era uma das pequenas, com pouca gente. Todas essas pessoas estão de pé sobre as cadeiras, dançando loucamente (sem exagero). Eles pulavam, subiam nas costas uns dos outros, totalmente bêbados e alheios aos perigos de se pular em uma tábua de madeira suspensa sobre inúmeras canecas de vidro...
Dá pra perceber que o tiozão estava se divertindo às pampas, né...
Bom, foi muito divertido... Do nada estávamos em paz, comendo nosso galeto, quando o vidro da janela despenca! Quando fomos ver, a swat já estava no caso. Tinha um segurança dando uma chave de braço em um pobre rapaz, bem do lado de fora da nossa janela! A melhor parte foi eu olhando pro cara e o cara fazendo cara de "É a vida, né?..." enquanto tomava a chave de braço! Tive que começar a rir... Claro que peguei a câmera, também :P
E vocês acham que a aventura acabou por aí? Haha! Claro que não. Depois de tudo, eu e Tati começamos um debate para saber qual seria a melhor maneira de dispensarmos os tios, já que amigos dela estavam nos esperando em um bar, para irmos para uma boate! Nosso maior temor era que os dois quisessem ir conosco! Imaginem... Mas se bem que aqui na Alemanha as velhinhas vão pra discoteca ouvir Rammstein, né... No fim, contamos que íamos sair para uma discoteca e amigos estavam nos esperando, eles nem quiseram nos acompanhar! Fiquei até um pouco decepcionada com o descaso deles, mas... é a vida... :P
Saímos da Volksfest e voltamos para a estação de trem. Os trens e suas estações na Europa são tão surreais, quando comparados à realidade brasileira... Não tem catraca... como assim? Nunca os selvagens malandros brasileiros iam ter o respeito que os europeus tem. Raros não pagam, mais raros ainda são os fiscais. É fácil dar calote no trem, no metrô, no ônibus... Em tudo. São uns civilizados, esses alemães. Mas como era Volksfest e a movimentação de pessoas era muito grande, eles liberam: ninguém precisa comprar passagem, ninguém fiscaliza. Civilização...
No caminho, encontramos vááários grupos de bêbados. Único momento em que os alemães ficam extremamente sociáveis: quando bêbados. Gritando pela estação, cantando, pulando e se abraçando... Quase uns brasileiros... :P
Chegamos ao centro de Stuttgart. Nada de interessante: shoppings, lojas, carros... Civilização. Stuttgart é a cidade da BMW. É um pólo industrial sinistro e, como tal, sem graça. Mas aparentemente tem uma vida noturna bombante. Chegamos em um bar, não me lembro o nome, mas muito maneirinho. Um banheiro sinistramente lindo, eu deveria ter fotografado. Pia com aquele efeito de cachoeira infinita ou sei lá como definir... heheh Demais! Mas era só ponto de encontro, não compramos nada :P Encontramos o amigo da Tati e partimos para o Village. Acho que era esse o nome. Tati fez altas propagandas: sei lá quantos mil ambientes, música boa e por aí vai. Foi lá que definitivamente comprovei: alemão é um bicho muito engraçado na night!!! O lugar era sinistramente grande, umas 5 pistas, cada uma com decoração diferente, muito maneiro. Qual não foi nossa surpresa ao DJ de uma das pistas começar a tocar a MESMA sequencia do Mario Bros e do show!! Ele não tocou todas, mas foi o suficiente pra morrermos de rir. Além disso, elegi minha ídola. Uma mulher que devia fazer questão de não dançar no ritmo! Cara, pessoas que dançam fora do ritmo, de vez em quando, por coincidência, acabam fazendo uns passinhos no ritmo. Ela não. Era o cúmulo da descoordenação. Aí ver a rainha do movimento aleatório se balançar num ambiente decorado à la havaí, com uma kombi como lugarzinho do DJ e vários coqueiros pelas paredes foi a gota d'água. Fiquei rindo o tempo todo!
Demos umas passadas pelas outras pistas. Uma delas imitava o cenário do bar daquele filme do Coyote Ugly. Meio saloon, com garotas dançando em cima do balcão, fazendo coisas sensuais e os caras babando embaixo. As bartenders eram muito mal encaradas, fui fazer uma brincadeira com um copo de tequila que um cara ia pegar e a mulher me deu o maior olhar congelante! Até desisti de pegar bebida naquele bar :(

De qualquer maneira, foi muito divertido, comemorei quando achei alguém que dançava no ritmo hehe
De lá, fomos para a casa do amigo da Tati, tirar uma soneca para partir para Böbingen no dia seguinte.
segunda-feira, 10 de março de 2008
Jux Adventures presents: Jux in Europe - part 5 - Alemanha!
Dia 12.10.07 - Böbingen - Casa da Tati, do Zé e do Patrick
Acabei esquecendo de comentar... No início da minha estada em Freiburg, fui a Stuttgart visitar uma amiga de uma amiga, que eu havia conhecido no Brasil, mas que mora na Alemanha há anos. Em Stuttgart estava rolando a Volksfest, o segundo maior festival da cerveja da Alemanha (será que não seria também do mundo??) Como em todo país de primeiro mundo que se preze, bastou eu acessar o site de caronas alemão, ver quem estaria indo para Stuttgart no mesmo dia que eu, entrar em contato com essa pessoa e, feliz e contente, comparecer ao ponto de encontro... Qual não foi minha surpresa ao descobrir que a menina que daria carona havia morado no Brasil por 8 meses e arranhava no português?? Acabamos não conversando muito, ela dirigia meio perigosamente :P Foi minha primeira investida na Schwarzwald, a famosa Floresta Negra. E não, não vi nenhuma torta por lá... ¬¬
Cheguei a Stuttgart e já tinha uma pizza me esperando. Nem consigo fugir disso, impressionante! ehehe Bebi um tal de Mezzomix, um refri que é mistura de fanta com coca. Coisa que a gente fazia quando era criança vem engarrafada na Alemanha hehe Na verdade, não era bem Stuttgart, era Böbingen, uma cidadezinha satélite de Stuttgart, quase um vilarejo. Como a Tati, a dona da casa, não havia tido muito tempo pra organizar uma saída a Stuttgart, ficamos por Böbingen, que mesmo sendo vilarejo tem vida noturna agitadíssima. O marido da Tati, cara muito bonzinho, levou o filho deles, e a si mesmo, para a casa dos pais, para que as meninas pudessem aproveitar a night. Aí fomos encontrar a professora de step da academia da Tati, em um bar. A primeira coisa que me deixou, naquele momento, e ainda me deixa até agora, embasbacada é o fato de poder-se andar sem a menor preocupação pelas ruas. O prédio dela ficava de cara para um parquezinho arborizado que, no RJ, seria o perfeito esconderijo para todo tipo de marginal. Eu já saí da casa dela olhando pras árvores, pras muretas, esperando alguem saltar, segurando a camera, apreensiva... Chegamos a um lago, na margem oposta já era o "centro da cidade". E eu pra ela: caraca, como assim, sem preocupação nenhuma??
Chegamos ao bar, encontramos a professora... e que figura! Uma cinquentona, super moderna, tatuada e metaleira... Mais tarde, quando fomos à "boate" metal de Böbingen, ela ia pro meio da pista bater cabeça... Alucinante!
Mas então, ficamos no bar, náo me lembro do nome do dito, mas sei que era esquisitíssimo. Pretenso bar de decoração mexicana, cheio de coisas esquisitas penduradas, lampadinhas enroladas e um resultado catastrófico, mas interessante. Bebemos uns trecos lá, zarpamos para a boate. Claro que também não me lembro do nome da boate, mas acho que foi um dos lugares mais engraçados que já fui. Tati estava me contando que, na Alemanha, ainda existem cavalheiros. Sim, existem caras que passam a noite pagando bebidas para as mulheres sem esperar retribuição. Nosso objetivo da noite foi encontrar exatamente esses caras! Sortudas toda vida, tínhamos nosso good luck charm! A professora de Step! Ao chegarmos lá, ela encontrou um amigo, um tiozão sarado, que parou na da Tati e nos proveu muitos Vodka Sour durante a noite... Ficamos lá curtindo a night... Que era lotada de esquisitos! Esquisitinhos moderninhos, com roupinhas de fãs de música eletrônica, esquisitinhos roqueiros, muitos, mas muitos mesmo, velhos, pra lá dos seus 40, 50 anos... Coisa que nunca, NUNCA, se vê por aqui. Tinha uma velhinha, velhinha mesmo, sentada lá, cantando TODAS as músicas do Rammstein! COMO ASSIM???? Muito bom, umas tiazonas indo pra pista dançarem todas sensualmente, lado a lado com as garotinhas de dreads verdes e minissaias...Genial! Mas não foi o ponto alto da noite... Tá, a velhinha cantando Rammstein foi um ponto muito alto, mas o DJ... Imbatível! O cara era o Super Mario!!!!!!!!!!!!!!! Ele era gordo, era careca, tinha bigodão... E estava de vermelho! Eu olhei pra cara do cara... e não conseguia parar de rir!!!!!!!!!!!!!!! Era MUITO engraçado! Como assim o Super Mario discotecando!!!!!! E eu... não tirei nenhuma foto. História de pescador, né???
Mas depois consegui me redimir, tirando fotos do Volksfest, em que fomos no dia seguinte, e da boate que fomos em Stuttgart. Mas essa fica pra próxima, ou esse post vai ficar gigante.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Jux Adventures presents: Jux in Europe - part 5 - Alemanha!
Dia 23.11.07 - Hamburg - Hostel dos piratas
Por mais cansada que eu estivesse, eu tinha que inventar o que fazer. Nesse momento, me perguntei: o que diabos eu vim fazer em Hamburg? Aí lembrei: teimosia. Só vim para encontrar uma pessoa que ia acabar não encontrando mesmo, mas que eu queria me forçar a encontrar só para dizer que eu nào estava sendo dominada.
Enfim, depois de dormir um pouco, fui andar por Hamburgo. Para variar um pouco, peguei um mapa e fui vendo pontos de interesse. Não achei muitos. Hamburgo é uma cidade portuária que não tem muitos atrativos além de gente maluca, bares e mercado de peixe. Como eu não ia achar gente maluca e não ia entrar num bar àquela hora da manhã, andei. Fui andando pela rua do hostel, encontrei uma feira de natal, com uma roda gigante, pra variar. Toda cidade tem uma feira de natal e, nessa feira, tem uma roda gigante. Decidi voltar à noite para fotografar a feira. Acabei chegando num parquinho, que era um memorial ao Otto von Bismarck. Esse cara foi o imperador do primeiro Reich, a estátua é do começo do século passado e é uma coisa tão... tão... prussiana!!! É uma estátua gigante! De pedra! Uma coisa interessante é que não colocaram o cara numa posição heróica, ou brandindo a espada enquanto empina o cavalo, como a gente vê por aqui. O cara mandou na Europa, fez da Alemanha uma potência e colocam o cara numa posição contemplativa. Imponente pelo tamanho, mas sóbrio, não carnavalizado acho que seria um bom termo. Vejam a foto:

Foi divertido, tem todo um parque em volta, onde fiquei perseguindo corvos pra fotografar!
Nao consegui nenhuma foto, claro! O bom do passeio foi parar e pensar queeu estava em um lugar em que podia tirar da bolsa uma câmera de mil reais e andar com ela no pescoço, em um parque vazio, sem medo de surgir um meliante detrás da árvore.
Andei mais um pouco (mentira, muito!), consegui achar o centro de Hamburg. Qual não foi minha surpresa ao ver que tinha MUITA gente andando por lá. Mas assim, quase um Saara, Madureira, coisa do tipo. Claro que estava frio e não tinha tanta gente feia quanto Madureira, mas estava lotado. Uma avenidazinha tipo a Uruguaiana, cheia de lojas e artistas de rua... de outro nível né!

Até me lembrei de Freiburg, onde vi um músico de rua que tocava FAGOTE! Como assim, fagote???? De qualquer maneira, eles estavam tocando clássicos da música americana, elton john e coisas assim, fiquei um pouco triste hehe
Nesse dia aconteceu uma coisa linda, pra não dizer o contrário... Fui comer no Burguer King, felizona, mas o interior da loja estava lotado... Sentei na mesinha lá fora, morrendo de medo das gaivotas assassinas ladras de lanche! As gaivotas pousavam em cima da mesa, se você desse mole, elas atacavam sua comida! Sinistro! Felizmente nenhuma veio me importunar. Mas antes de acabar, resolvi sair dali e não abusar da sorte. Mas, como sou uma garota limpinha, estava comendo sem luva. Imagina, frio+copo de coca com gelo... Bela combinação. Mas eu tinha pago seis euros por tudo aquilo, tinha que beber até a última gota e comer até a última batata!!!! Fui andando de volta pro hostel e comendo... e meus dedos doendo. Até que não aguentei mais, estavam doendo muito!!!! Com muito pesar no coração, joguei o resto da coca no lixo, mas as batatas não!!! Enrolei o pacotinho no guardanapo e guardei no bolso! =D De noite, quando fiz meu miojo (que eu não sabia do que era, pois o pacote estava todo escrito em chinês), as batatas foram uma ótima sobremesa!
Aliás, de noite, conheci uma australiana (esses aí são pragas na europa, pior que brasileiro!) e fiz minha boa ação do dia: contei pra ela que a capital do brasil é Brasília, e não o Rio! Pena que meu único contato lá foi ela, que estava gripada e não queria sair à noite. E eu, quando cheguei no hostel e vi que havia bolhas nos meus dedos, pelas queimaduras do frio, desanimei também. Minha única noite naquela cidade e resolvi... dormir. Ou tentar. Os caras que estavam no meu quarto.... pfffff RONCAVAM MUITO! Tive uma vez que levantar da cama e cutucar um deles, porque eu estava SURTANDO!
Fotinho da salinha de convivência do hostel, tv de plasma, home theater, dvd, varios livros e filmes... fiquei vendo Bob Esponja! hehehhe
O dia seguinte foi tão emocionante quanto. Fui ao mercado de peixe, a coisa mais famosa de Hamburg. E nada... Barracas de peixe pra todos os lados, precedidas por barracas de muamba em geral. Tentei tirar fotos, mas acreditem, nao achei nada interessante.
Frustrada por esse braço da viagem, fui pegar um ônibus pra Berlin (claro que andei bastante com meus mochilões).
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Jux Adventures presents: Jux in Europe - part 5 - Alemanha!
Dia 22.11.07 - Hamburg - Hostel dos piratas
Próxima parada, Hamburgo! Arrumei as malas e, horas antes de sair da casa que foi meu "lar" por dois meses, avisei à dona da casa que eu estava partindo. Ela se assustou, achou que eu fosse embora só domingo (era sexta). Lamentou que tivemos pouca convivência e eu, enquanto escrevia no guestbook da casa, enquanto relia os relatos dos moradores anteriores, fiquei triste, triste... Eu podia mesmo ter aproveitado mais, podia ter vivido em Freiburg, ao invés de me esconder.
De qualquer maneira, era tarde demais. Meu trem saía às 22:55 de Freiburg, eu ainda tinha algum tempo. O que fui fazer? Tirar uma soneca, claro! Acordei, claro, em cima da hora pra pegar o S-bahn. Saí correndo, com meus 20 quilos de mochila nas costas, e vi o que eu tinha acabado de perder indo embora. Desesperei! E agora, o que fazer? Esperar. Sentei e dei uma olhada para o painel eletrônico que mostrava quando vinha o próximo: 15 minutos de espera! Eu chegaria lá atrasada... Ia perder meu trem pra Hamburgo! Já éra... Comecei então a tentar mover o mundo com a mente. Fiquei lá, no ponto, frio e chuvoso, mentalizando que o trenzinho ia chegar mais cedo, ia vir rápido, que o outro ia atrasar, que o motorista desse ia acelerar, tudo que eu consegui pensar, eu pensei. Cheguei no viaduto por onde o trenzinho passava por cima da estação principal, desembarquei e vi meu problema: onde estava o trem? Haviam várias escadas descendo e vários trens parados e eu não sabia qual era o meu. Saí correndo para a última escada, já sabendo que murphy rege a vida. Correndo é um grande exagero, porque descer escadas com uma mochila de 20 quilos e uma de 10 na chuva torna correr impraticável. Fui descendo com o misto de cautela e pressa, vi na portinha do trem: Hamburg! Entrei e, assim que subi, o trem fechou a porta! CARACA! Vai falar de sorte assim lá na Alemanha!
Era um trem noturno, com caminhas... A minha cama ficava láaááá em cima, pra variar, 4 camas acima. Até que não fiquei descontente. Consegui dormir um pouco, descansar as costas. Até acordei um pouco cedo e tentei achar o vagão-restaurante, mas quando vi já estava invadindo a primeira classe... Aí voltei. E, pra variar, entrei em colapso quando vi que não tinha noção de onde pegar o onibus! Haha! Pelo menos eu tinha o número do ônibus e o endereço do hostel, isso eu lembrei! Acabei começando a conversar com uma garota, que me ofereceu a ajuda do amigo que ela ia encontrar... mas desisti disso e resolvi descer na estação principal. Funcionou, no fim... Encontrei o hostel e comecei a me preparar para um belo dia frio e chuvoso no mar do norte.
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Jux Adventures presents: Jux in Europe - part 5 - Alemanha!
A casa tinha 3 andares e um porão. Parece enorme, mas nem era, porque era fininha. Fininha e comprida. O meu quarto era no mesmo andar do quarto da dona da casa, e nós dividíamos o banheiro. Era algo do tipo, cada uma tinha sua pia, eu tinha meu armário de banheiro (mas não tinha nada pra colocar lá dentro...). No último andar eram os quartos dos meninos. Nunca fui lá, não sei se era um quarto só ou dois. Nos primeiros dias eu não sabia se tinha crianças... Mas vi um monte de brinquedos e fiquei inventando teorias. De repente ela era uma solitária que havia perdido os filhos e preenchia seus dias vazios alugando quartos pra estranhos... Mas vi que os meninos ainda eram vivos. Depois fiquei viajando que ela realmente tinha perdido alguma filha, porque tinha bonecas numa caixa de brinquedo velha e um livro no banheiro "Como cuidar de crianças especiais". Bem, isso ficou sem confirmação. A Tracey era americana, então ela e os filhos também falavam inglês. Ela não sabia que se falava português no Brasil, não sabía que era um país quente... Americana típica. Mas pelo menos eles tinham um bom gosto pra filmes, porque nos meus últimos dias lá dei uma vasculhada no armário de DVDs pra copiar algumas coisas e achei algumas boas. Claro que ela não sabe que fiz isso, a não ser que tenha mesmo, como eu desconfiava, câmeras escondidas.
Nos primeiros dias, tentei ir no jardim de trás da casa, mas a porta estava trancada. Tentei ligar a TV de LCD de 40 polegadas, mas acho que tinha algum macete. Fiquei pensando se eram limitações planejadas, tipo ela não querer que o hóspede visse TV. Eu podia ter perguntado, acho que isso foi um dos meus grandes erros. "Posso ver TV? Como faço pra ligar?" Perguntas inocentes que poderiam ter mudado minha vida naquela casa.
Eu quase não falava com os meninos. O Kevin era um adolescente de 16 ou 17, que ficava ouvindo rap alemão, metido a fortinho e tal. O Tom era um molequim de 12 ou 13, vivia vendo pogramas científicos pra crianças e tocando piano.
O ser com quem eu mais interagia na casa era a Pixie, uma gatinha branca e preta, muito fofa. Um dia eu estava na cozinha e ela veio miando... E ploft, largou um camundongo no meio da cozinha. Morri de pena, ela brincando com o bicho, tacando ele pro alto... Acabei botando ele lá fora, estava vivo mas fingindo de morto (esses ratinhos são tão espertos... ¬¬)
Meu quarto não tinha nada demais... Uma cama, macia demais pra minha coluna, um armário, uma jibóia... A planta, né! Tinha uma varandinha, mas logo ficou frio demasi pra eu poder tomar café da manhã na varanda.
Bem, essa era minha prisão voluntária.
Aí vai a vista da minha janela:
E eu na varandinha, tomando um café nos primeiros dias de Outono...
Jux Adventures presents: Jux in Europe - part 5 - Alemanha!
Acabei não contando nada da minha escola. Quando eu cheguei, eram 10 alunos. Um afegão de 25 anos que tinha cara de 30, mas era retardado como se tivesse 15, o Bashir. Um mexicano baixinho e barrigudinho, casado com uma alemã, muito engraçado e de longe o mais simpático da sala, o Carlos. Outro mexicano, o Paco, que fez 18 anos na semana em que eu cheguei, tinha mania de fazer piadinhas e logo depois gritar "tá!" ou equivalente. A Josefa, que com esse nome nnguém esperaria ser francesa, mas pela cara se deduzia, muito cintilante e blase. O Max, um negão do Quênia, de 2 metros de altura e voz de garotinho, enfermeiro, tudo muito suspeito, mas ele sempre sentava do lado da Josefa e acho que tinha uma queda por ela. O Ibrahim, um turco, mas poderia ser um gay moderninho carioca, sempre com umas roupas modernosas, toda noite ia pra boite, cabelinho despenteado com gel e por aí ia. E aí vinha a dupla do terror. Tinha o Lionel, um francês nascido no Congo, ou vice-versa, no primeiro dia sentei do lado dele e quase morri com o FUTUM! Que cara fedido! E chato. Ficava a aula inteira gemendo e estalando a boca, quando não estava mascando chiclete de boca aberta, hábitos irritantes! Além disso era um burro, nunca entendia quando era perguntado, mas fingia que entendia. Isso o afegão fazia também, um saco! Nas primeiras semanas, o parceirão do Lionel era o Don, um americano quase tão retardado quanto. O cara só vivia mascando chiclete e fazendo barulho. E eles ficavam fazendo piadas sobre os exercicios, em inglês, do nada o Lionel ria altão...cara, indescritível o quanto eles me irritavam.
A professora era legal. Daniela, eu achava que ela era romena, mas parece que ela é de uma parte da Suíça. Ela se amarra no Brasil, acho que vai praí ano que vem. Fala português, mas de portugal. E francês, inglês, espanhol... e dá aula de alemão. Ela é mó boazinha, me ajudou a fazer um currículo, carta de apresentação, me indicou lugar pra ir procurar trabalho, me deu a xerox de um livro... Muito maneira. Ela viajou por uma semana e pudemos ter aula com outras duas professoras, ela realmente me pareceu a melhor.
Ao longo do curso, as pessoas foram concluindo. O Don foi o primeiro. Achei que o Lionel fosse ficar mais quieto, mas nada... Ele conseguia ser irritante sozinho. E o pior é que a turma inteira meio que tinha seus lugares marcados, então eu acabava sempre sentando do lado dele. Ódio! Profundo! Nos últimos dias, que era a vez dele responder algo, eu sofria e não conseguia esconder a cara de "AAAAAAAAAAARGHT".
Bem, depois saiu a josefa. Fizemos um café da manhã de despedida, foi divertido. Aí já tinha entrado o Ramon, estudante de mestrado em Filosofia, da Espanha. Infelizmente não sabia nada de alemão e vivia perguntando as coisas em espanhol. Quando viram que ele perguntava em espanhol, o Lionel e o Bashir começaram a perguntar em inglês. Ou seja, virou um caos!
A escola também era legal, mas não era das mais baratas. Tinha exerciciozinho no computador, festinha nas quintas feiras, sala de vídeo e exibição de filmes. Infelizmente nada que eu tenha aproveitado muito, já que eu chegava na hora da aula e saía direto pra casa, normalmente. Apesar disso consegui aprender algo, mas não consigo deixar de me perguntar por que diabos não vim pra Berlin.

Jux Adventures presents: Jux in Europe - part 5 - Alemanha!
Dia 23.11.07 - Freiburg - Casa falsa
Como sempre foi aqui em Freiburg, deixei pra o último segundo a consumação do contato com a dona da casa. Faltando umas 3 horas para eu partir, fui avisar a ela que eu estava indo embora. E ela: oh, nao sabia, que pena, nem pudemos conversar em alemão! E me entregou um caderno, onde todas as pessoas que ficavam hospedadas ali na casa escreviam algo para ela. Ela saiu e fiquei sozinha na casa, lendo o que os outros hóspedes haviam escrito.
Acabei ficando muito triste, todas as outras pessoas aproveitaram muito mais que eu. Falavam da família como uma família mesmo. Eu nunca fiz parte de nada. Acabei me lembrando da espanhola que morou aqui por duas semanas. No segundo dia, eles a convidaram pra ir patinar no gelo. E eu? Ela, a espanhola, disse que não me chamaram porque eu era muito quieta, no meu canto.
Fico pensando, será que foi porque eu não queria incomodar muito, que eles acharam que eu é que não queria ser incomodada? Bem, eu agi errado em praticamente tudo que fiz (ou melhor, deixei de fazer) em Freiburg. Não aproveitei o meu tempo como deveria. Tive algumas experiências, conheci lugares bonitos na cidade, mas não foi tudo que poderia ter sido. Ou não fui tudo que poderia ter sido. Fico triste porque não tive força suficiente pra cortar certos comportamentos e poder ter uma vida mais independente aqui. Eu deveria ter pensado mais em mim mesma e no que eu estava querendo conseguir, quando resolvi vir pra cá.
Porque fiquei pensando e parece que não consegui nada. Aprendi algum alemão, claro... Mas nem perto do que poderia ter sido, se eu tivesse interagido mais com o mundo aqui, do que com o mundo aí.
Não foi uma experiência inútil. Acabei me conhecendo em certas situações. Acabei descobrindo algumas coisas sobre mim mesma e sobre o que eu não quero da vida.