Jux Adventures

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Jux Adventures presents: Jux in Europe - part 5 - Alemanha!

Sobre a casa...

A casa tinha 3 andares e um porão. Parece enorme, mas nem era, porque era fininha. Fininha e comprida. O meu quarto era no mesmo andar do quarto da dona da casa, e nós dividíamos o banheiro. Era algo do tipo, cada uma tinha sua pia, eu tinha meu armário de banheiro (mas não tinha nada pra colocar lá dentro...). No último andar eram os quartos dos meninos. Nunca fui lá, não sei se era um quarto só ou dois. Nos primeiros dias eu não sabia se tinha crianças... Mas vi um monte de brinquedos e fiquei inventando teorias. De repente ela era uma solitária que havia perdido os filhos e preenchia seus dias vazios alugando quartos pra estranhos... Mas vi que os meninos ainda eram vivos. Depois fiquei viajando que ela realmente tinha perdido alguma filha, porque tinha bonecas numa caixa de brinquedo velha e um livro no banheiro "Como cuidar de crianças especiais". Bem, isso ficou sem confirmação. A Tracey era americana, então ela e os filhos também falavam inglês. Ela não sabia que se falava português no Brasil, não sabía que era um país quente... Americana típica. Mas pelo menos eles tinham um bom gosto pra filmes, porque nos meus últimos dias lá dei uma vasculhada no armário de DVDs pra copiar algumas coisas e achei algumas boas. Claro que ela não sabe que fiz isso, a não ser que tenha mesmo, como eu desconfiava, câmeras escondidas.
Nos primeiros dias, tentei ir no jardim de trás da casa, mas a porta estava trancada. Tentei ligar a TV de LCD de 40 polegadas, mas acho que tinha algum macete. Fiquei pensando se eram limitações planejadas, tipo ela não querer que o hóspede visse TV. Eu podia ter perguntado, acho que isso foi um dos meus grandes erros. "Posso ver TV? Como faço pra ligar?" Perguntas inocentes que poderiam ter mudado minha vida naquela casa.
Eu quase não falava com os meninos. O Kevin era um adolescente de 16 ou 17, que ficava ouvindo rap alemão, metido a fortinho e tal. O Tom era um molequim de 12 ou 13, vivia vendo pogramas científicos pra crianças e tocando piano.
O ser com quem eu mais interagia na casa era a Pixie, uma gatinha branca e preta, muito fofa. Um dia eu estava na cozinha e ela veio miando... E ploft, largou um camundongo no meio da cozinha. Morri de pena, ela brincando com o bicho, tacando ele pro alto... Acabei botando ele lá fora, estava vivo mas fingindo de morto (esses ratinhos são tão espertos... ¬¬)
Meu quarto não tinha nada demais... Uma cama, macia demais pra minha coluna, um armário, uma jibóia... A planta, né! Tinha uma varandinha, mas logo ficou frio demasi pra eu poder tomar café da manhã na varanda.
Bem, essa era minha prisão voluntária.


Aí vai a vista da minha janela:



E eu na varandinha, tomando um café nos primeiros dias de Outono...


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Jux Adventures presents: Jux in Europe - part 5 - Alemanha!

Histórias de Freiburg... A escola.

Acabei não contando nada da minha escola. Quando eu cheguei, eram 10 alunos. Um afegão de 25 anos que tinha cara de 30, mas era retardado como se tivesse 15, o Bashir. Um mexicano baixinho e barrigudinho, casado com uma alemã, muito engraçado e de longe o mais simpático da sala, o Carlos. Outro mexicano, o Paco, que fez 18 anos na semana em que eu cheguei, tinha mania de fazer piadinhas e logo depois gritar "tá!" ou equivalente. A Josefa, que com esse nome nnguém esperaria ser francesa, mas pela cara se deduzia, muito cintilante e blase. O Max, um negão do Quênia, de 2 metros de altura e voz de garotinho, enfermeiro, tudo muito suspeito, mas ele sempre sentava do lado da Josefa e acho que tinha uma queda por ela. O Ibrahim, um turco, mas poderia ser um gay moderninho carioca, sempre com umas roupas modernosas, toda noite ia pra boite, cabelinho despenteado com gel e por aí ia. E aí vinha a dupla do terror. Tinha o Lionel, um francês nascido no Congo, ou vice-versa, no primeiro dia sentei do lado dele e quase morri com o FUTUM! Que cara fedido! E chato. Ficava a aula inteira gemendo e estalando a boca, quando não estava mascando chiclete de boca aberta, hábitos irritantes! Além disso era um burro, nunca entendia quando era perguntado, mas fingia que entendia. Isso o afegão fazia também, um saco! Nas primeiras semanas, o parceirão do Lionel era o Don, um americano quase tão retardado quanto. O cara só vivia mascando chiclete e fazendo barulho. E eles ficavam fazendo piadas sobre os exercicios, em inglês, do nada o Lionel ria altão...cara, indescritível o quanto eles me irritavam.
A professora era legal. Daniela, eu achava que ela era romena, mas parece que ela é de uma parte da Suíça. Ela se amarra no Brasil, acho que vai praí ano que vem. Fala português, mas de portugal. E francês, inglês, espanhol... e dá aula de alemão. Ela é mó boazinha, me ajudou a fazer um currículo, carta de apresentação, me indicou lugar pra ir procurar trabalho, me deu a xerox de um livro... Muito maneira. Ela viajou por uma semana e pudemos ter aula com outras duas professoras, ela realmente me pareceu a melhor.
Ao longo do curso, as pessoas foram concluindo. O Don foi o primeiro. Achei que o Lionel fosse ficar mais quieto, mas nada... Ele conseguia ser irritante sozinho. E o pior é que a turma inteira meio que tinha seus lugares marcados, então eu acabava sempre sentando do lado dele. Ódio! Profundo! Nos últimos dias, que era a vez dele responder algo, eu sofria e não conseguia esconder a cara de "AAAAAAAAAAARGHT".
Bem, depois saiu a josefa. Fizemos um café da manhã de despedida, foi divertido. Aí já tinha entrado o Ramon, estudante de mestrado em Filosofia, da Espanha. Infelizmente não sabia nada de alemão e vivia perguntando as coisas em espanhol. Quando viram que ele perguntava em espanhol, o Lionel e o Bashir começaram a perguntar em inglês. Ou seja, virou um caos!
A escola também era legal, mas não era das mais baratas. Tinha exerciciozinho no computador, festinha nas quintas feiras, sala de vídeo e exibição de filmes. Infelizmente nada que eu tenha aproveitado muito, já que eu chegava na hora da aula e saía direto pra casa, normalmente. Apesar disso consegui aprender algo, mas não consigo deixar de me perguntar por que diabos não vim pra Berlin.


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Jux Adventures presents: Jux in Europe - part 5 - Alemanha!

E dois meses depois...

Dia 23.11.07 - Freiburg - Casa falsa


Como sempre foi aqui em Freiburg, deixei pra o último segundo a consumação do contato com a dona da casa. Faltando umas 3 horas para eu partir, fui avisar a ela que eu estava indo embora. E ela: oh, nao sabia, que pena, nem pudemos conversar em alemão! E me entregou um caderno, onde todas as pessoas que ficavam hospedadas ali na casa escreviam algo para ela. Ela saiu e fiquei sozinha na casa, lendo o que os outros hóspedes haviam escrito.
Acabei ficando muito triste, todas as outras pessoas aproveitaram muito mais que eu. Falavam da família como uma família mesmo. Eu nunca fiz parte de nada. Acabei me lembrando da espanhola que morou aqui por duas semanas. No segundo dia, eles a convidaram pra ir patinar no gelo. E eu? Ela, a espanhola, disse que não me chamaram porque eu era muito quieta, no meu canto.
Fico pensando, será que foi porque eu não queria incomodar muito, que eles acharam que eu é que não queria ser incomodada? Bem, eu agi errado em praticamente tudo que fiz (ou melhor, deixei de fazer) em Freiburg. Não aproveitei o meu tempo como deveria. Tive algumas experiências, conheci lugares bonitos na cidade, mas não foi tudo que poderia ter sido. Ou não fui tudo que poderia ter sido. Fico triste porque não tive força suficiente pra cortar certos comportamentos e poder ter uma vida mais independente aqui. Eu deveria ter pensado mais em mim mesma e no que eu estava querendo conseguir, quando resolvi vir pra cá.
Porque fiquei pensando e parece que não consegui nada. Aprendi algum alemão, claro... Mas nem perto do que poderia ter sido, se eu tivesse interagido mais com o mundo aqui, do que com o mundo aí.
Não foi uma experiência inútil. Acabei me conhecendo em certas situações. Acabei descobrindo algumas coisas sobre mim mesma e sobre o que eu não quero da vida.
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terça-feira, 20 de novembro de 2007

Fui comprar passagem daqui para Hamburg, né. Estou eu caminhando para a estação do S-Bahn, à noite, e passo por uma singela casa, onde um amoroso pai amarrou uma corda na grade em frente à casa e está rodando a corda para a filhinha pular. A menina brinca alegremente. Fui, comprei, voltei uma hora depois. Qual não é minha surpresa quando vejo a garota, ainda lá pulando e o pai, ainda lá rodando...

Alemanha...
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segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Jux Adventures presents: Jux in Europe - part 4 - Alemanha!

Of Fire and Ice

Show do Arcade Fire e primeira neve da vida.

I'm sleeping in a battleship, I'm sleeping in a submarine... Foi uma experiência transcendental! Bem, para começar, consegui na última hora arranjar carona pelo site, exatamente no dia do show. Isso me daria apenas um sábado e um domingo para conhecer a segunda maior cidade da Alemanha, Munique. Num sei se é mesmo, agora fiquei em dúvida... Mas era isso. Enfim, no caminho, descobri que os jovenzinhos com quem eu peguei carona estavam indo pra Munique para ir no show tb!!! Fiquei tentando falar com eles em alemáo, acabamos conversando mais em inglês.
De qualquer maneira, foi uma viagem muito legal. O motorista era muito informativo hehe A cada lugar que ele achava interessante, fazia um comentário. Aí eu vi o Danúbio quase em sua nascente, vi a cidade que ficava dentro de uma cratera de vulcão e vi as torres de igreja em formato de cebola, características da região (e também presentes em muitas igrejas por aqui). Claro que quando ele falou do Danúbio, usou o nome em alemão, Donau. E eu lá sabia que Donau era Danúbio? Ele falou com uma importância tão grande... "Aqui nasce o rio Donau, estamos passando por cima dele agora!" E eu: "Hmmmm", mas pensando "E o quico?" Só depois fui descobrir que eu poderia ter dançado uma valsa ali mesmo...
Enfim chegamos a Munique. Eles me deixaram em uma estação em que eu poderia então pegar o metrô para a casa da Zulmira, com quem já tinha combinado de passar o fim de semana la. Felizes e contentes, eu e mais uma caronista entramos na estação. Fui então catar minha carteira e... cadê minha carteira?????? Esqueci a carteira em Freiburg. Eu tinha o dinheiro para pagar a carona de ida e mais 2 euros e pouco. >_<
Bateu o desespero... Eu tinha o telefone da Zulmira, mas como ligar? Eu precisaria descobrir, naquela tarde chuvosa de sábado, onde comprar um cartão. Felizmente a outra caronista tinha um resto de cartão, que me vendeu por 1 euro e 80... Liguei pra Zulmira, essa quantia não dava para quase nada. E qual não foi a surpresa ao atender um cara, dizendo que aquele telefone não era da Zulmira... Claro que eu não tinha o endereço dela! Desesperei mais um pouco... Aí liguei pro telefone 2. Uuuuuuufa... ela atendeu, mas a ligação caiu. Deu tempo de dizer que eu não tinha dinheiro, tinha esquecido a carteira e estava na estação tal. Coitada, teve que ir me buscar... Aí fiquei lá esperando ser resgatada... Quer dizer, eu estava na Alemanha, podia ter entrado, ido de metrô e torcido pros fiscais nào me pegarem, mas é justamente quando você está errado que as coisas acontecem. Então fiquei lá, amarelada e envergonhada.
Quando ela chegou, nos apresentamos, fomos pro apê dela, ficamos lá batendo papo sobre o cara por quem ela estava apaixonada... e basicamente isso. Tentamos descobrir onde era o lugar do show na internet e fomos, debaixo de chuva, para o local. Era um lugar legalzinho, como um shopping de bares e casinhas de show. No caminho, uma garota da Croácia veio nos perguntar se o show era ali, como assim Croácia?
Bem, a Zulmira me acompanhou até o local do show, coitada, no maior frio e chuva... Mas felizmente eu sou grandinha e conseguia ir embora sozinha heeh. Peguei uma chave e lá fui eu, câmera em punho, para o show de uma das minhas bandas preferidas! Fiquei um tempão esperando para entrar, vendo o movimento, poucas pessoas e tal... Fiquei imaginando que devia ser mó pequeno, o lugar e que o show seria o mááááximo, intimista e aconchegante... *___*
Aí abriram os portões. Fui entrando e os seguranças quiseram que eu abrisse a bolsa da câmera. Abri... "Não pode entrar com câmera SLR" O queeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee???? Eu não ia poder tirar foto do show??? Tentei argumentar, mas nada. Fui botar a câmera no guarda-volumes e o cara "É um euro." Claro que tive que dizer que eu não tinha! Num tinha mesmo... Aí ele riu e me mandou ir embora. A câmera ficou, claro. Guardei o papelzinho, sinistramente desconfiando de que as pessoas iam tentar tirar meu papelzinho e roubar minha câmera... Cariocas...
Enfim, arranjei um lugar no centro-esquerda, estava lá esperando o show começar, para uma figura de dread locks bem na minha frente... Que azar! Ela ficou ali o show inteiro e eu pensando "Aaaargh, no meio do show esses dreads vão encostar em miiiiim!"
Eles encostaram algumas vezzes, sim, mas não foi o suficiente pra me fazer não curtir o show. Antes do show começar, ainda fui tentar passar uma conversa nos seguranças, dizendo que eu tinha uma câmera sinistra e que eu podia tirar fotos do show sinistramente e repassar tudo para a casa... mas não adiantou. Fiquei sem a câmera, todas as minhas lembranças do show são mentais :P
E foi muito bom!
Muitas músicas do disco velho, performances apaixonantes, público meio paradão, mas mesmo assim foi emocionante ouvir vááárias músicas preferidas ao vivo! foi muito bom!
No fim do show, recuperei minha câmera, intacta, e fui andando no frio em direção à estação. A sensação era muito boa, o frio, a noite, o show, a sensação de que ninguém iria me assaltar... essas coisas são um diferencial sinistro pra ter uma vida de qualidade. Mais uma vez, estar andando sozinha na noite de uma cidade grande não era um fator amedrontador... vai entender.
Enfim, foi uma experiência sensacional! Amei.
Cheguei na casa da Zulmira e estava passando na TV o filme "O buraco da Agulha"! Muito sinistro, porque foi esse livro que minha mãe havia me dado para ler na viagem de avião! E eu havia acabado de ler esse livro há uma semana, aí estava passando o filme heheh Infelizmente eu estava morrendo de sono e queria aproveitar Munique no dia seguinte, né? Então acabei indo dormir...
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sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Jux Adventures presents: Jux in Europe - part 4 - Alemanha!

Nova fase!

Dia 30.09.07 - Freiburg - Casa falsa

Depois de sofrer por horas no trem, consegui chegar em Freiburg. Sem cartão telefônico e, claro, como é típico, sem saber como chegar na casa, fui acessar meu email. Toda cheia de mochilas, fui pro cybercafé mais próximo, todo chique. Mó vergonha, mas fazer o que... Quando entrei no meu email, lembrei que a dona da casa não tinha me ensinado a chegar lá! Muuuuito bom! Voltei pra estação e fui perguntar no setor de infmações. O cara me indicou onde ele achava que era, peguei o Strass-bahn, é tipo um bonde com várias linhas que tem na cidade toda, e fui...
Cheguei no tal lugar que o cara achava que era (lembrando, era domingo), só fábricas pra todos os lados, tudo vazio, nenhuma pessoa, nenhuma casa... e nenhuma rua com o nome da minha. Andei, andei, até que por sorte encontrei um cara que botava umas malas dentro de um carro. Tentativa de comunicação número um. Fui perguntar pro cara onde era a rua Ele não sabia. Aí me falou (em inglês misturado com alemão) que a empresa dele estava fazendo uma apresentação ali perto, talvez alguém soubesse. Lá fui eu atrás do alemão. Lá chegando, 3 outros alemães me olharam com uma cara de "Hã?" Pergunta daqui, de lá, ninguém sabia. Acabei tendo que pedir o celular de alguém pra ligar pra dona da casa e perguntar. Ma claro que eu não sabia dizer ONDE eu estava, logo ela não sabia me dizer o que fazer para chegar. Foi nesse momento estressante da conversa que vem uma alemã lá de dentro, e um dos alemães dizendo: ela sabe! ela sabe! E ela falava inglês. Só que até ali eu já estava me sentindo uma ET. Quando a moça começou a me explicar, ficou pior! Porque ela falava comigo e tremia! Como se eu fosse uma coisa muito absurda, ou ela não falasse inglês nunca, sei lá... Sei que ela estava tremendo! No fim, agradeci muito e a todos... e andei. Andei até a estaçãozinha, depois é claro que desci uma estação além da que poderia ter descido, e andei de volta.
A dona da casa não estava lá, mas felizmente ela tinha deixado a chave com a vizinha...
Pra tanta emoção, sabe o que eu fiz? Deitei e dormi!
posted by Jux at 09:09 2 comments